Allan Kardec

Hippolyte Leon Denizard Rivail - Allan Kardec

Para melhor compreensão do espiritismo deve-se em primeiro lugar conhecer os acontecimentos anteriores ao espiritismo e os seus precursores e saber o porquê de Allan Kardec e da doutrina espírita ou dos espíritos.

    Nascido a 3 de Outubro de 1804, na cidade de Lyon, aquele que se celebrizou sob o pseudônimo de Allan Kardec, de tradicional família francesa de magistrados e professores, filho de Jean Baptiste Antoine Rivail e de Jeanne Louise Duhamel, recebeu o nome de Hippolyte Leon Denizard Rivail na igreja de Saint Dennis de La Croix-Rousse. Em Lyon fez os seus primeiros estudos, seguindo depois para Yverdon, na Suíça, onde estudou no Instituto do celebre professor Pestalozzi, que era um dos mais respeitados em toda a Europa, reputado como escola modelo, por onde passaram sábios escritores do velho continente.

    Denizard (Allan Kardec) foi um dos mais eminentes discípulos de Pestalozzi, um colaborador inteligente e dedicado que exerceu mais tarde grande influência sobre o ensino na França. Regressa a Paris depois dos estudos tornando-se um conceituado mestre, não só em letras como também em ciências, distinguindo-se como notável pedagogo, divulgador do método pestalozziano e membro de várias sociedades científicas. Contrai matrimônio com Amelie-Gabrielle Boudet, culta, inteligente, autora de livros didáticos. Como pedagogo, edita numerosos livros didáticos e apresenta na época planos e métodos referentes à reforma do ensino francês. Formula cursos como o curso teórico e prático de aritmética, gramática francesa clássica, catecismo gramatical da língua francesa e cursos de física, astronomia e fisiologia.

    Em 1854 ouve falar pela primeira vez nas mesas girantes através do seu amigo senhor Fortier, um pesquisador emérito do magnetismo. Allan Kardec mostra-se céptico, no início, apesar dos seus estudos sobre o magnetismo, mas não é intransigente em face da sua livre posição de pensador, de homem austero, sincero e observador. Exigindo provas, dedica-se à observação mais profunda dos ruidosos fatos amplamente divulgados pela imprensa francesa.

    Assistindo aos propalados fenômenos, finalmente, na casa da família Baudin, recebe muitas mensagens através da mediunidade das jovens Caroline e Julie. Depois de inúmeras e exaustivas observações, conclui que se tratava de fenômenos inteligentes produzidos por espíritos. Tendo verificado que os fatos e os princípios observados pelo espiritismo se perdem na noite dos tempos, pois nele se encontram traços das crenças de todos os povos, de todas as religiões, na maioria dos escritores sagrados e profanos, tendo observado que a própria doutrina que os espíritos hoje ensinam nada tem de novo, pois se encontra fragmentada, na maioria dos filósofos da Índia, do Egito e da Grécia e inteira, nos ensinamentos de Cristo, chega à conclusão de que o espiritismo tem por base as verdades fundamentais de todas as religiões e que, como crença nos espíritos, ele é igualmente de todas as religiões.

    Após muitas observações em todos os pontos da Europa, formula todos os conceitos observados e analisados e adota o método intuitivo racionalista Pestalozziano nos seus estudos desta nova ciência. Recomenda a utilização de uma memória racional, fazendo o uso complexo da razão, para reter as idéias, de modo a evitar o processo de repetição das palavras nas suas obras. Procura despetar no estudo a curiosidade do observador  de modo a avivar a atenção e a percepção. Entende que todo bom método deve partir do conhecimento dos fatos adquiridos pela observação, pela experiência e analogia, para daí se extraírem, por indução, os resultados que cheguem a ser enunciados e que possam ser utilizados como base ao raciocínio, dispondo-se esses materiais com ordem e sem lacuna.

    Resta acrescentar que a adoção do pseudônimo de Allan Kardec deve-se à revelação da médium que lhe disse ter sido ele um druida de nome Allan Kardec, o que ele aceitou com o objetivo de as pessoas adquirirem a sua obra não por ser conhecido em toda a França por Denizard, mas sim, pelo interesse da matéria divulgada.

Fonte: O Livro dos Espíritos - Allan Kardec - Editora BoaNova