Deus na Bíblia

 (a) Em nenhuma parte da Bíblia se procura provar a existência de Deus. A crença no Criador é doutrina admitida. Nunca houve qualquer dúvida a respeito da existência da Divindade, ou da raça humana em geral. Entre os argumentos que podemos lembrar para provar a existência do Criador, devem ser notados: a relação entre causa e efeito, conduzindo-nos à grande Causa Primeira - a personalidade, a mais alta forma de existência que se pode conceber, de sorte que uma Causa Primeira, que carecesse de personalidade, seria inferior a nós próprios - a idéia de beleza, de moralidade, de justiça - o desejo insaciável, inato em nós, de plena existência que nunca poderia ser satisfeita, se não houvesse Aquele Supremo Ser, Luz, Vida e Amor, para onde ir.

 (b) Deus é um, e único (Dt 6.4, doutrina inteiramente aceita por Jesus Cristo, Mc 12.29). Porquanto se houvesse mais que uma Divindade, haveria, de certo, conflito entre esses seres todo-onipotentes. Por isso, contrariamente ao dualismo de Zoroastro, segundo o qual há dois seres supremos, um bom e outro mau, a Bíblia ensina que Deus tem a autoridade suprema mesmo sobre o mal (is 45.6,7). Este fato fundamental da Unidade de Deus não está em contradição com a doutrina cristã da Trindade, antes pelo contrário, a salvaguarda.

(c) Deus é o Criador e o Conservador de tudo (Gn 1.1 - At 17.24 - Ap 4.11 - e semelhantemente Jo 1.3 - Col 1.16, onde o imediato Agente é a Segunda Pessoa da Trindade). Todos os dias estamos aprendendo, com clareza de percepção, que a matéria não é coisa morta e sem movimento, que as próprias pedras tremem pela sua energia, sustentando a sua coesão pelas formidáveis e ativas forças que sem interrupção nelas operam. o nosso conhecimento, cada vez mais aperfeiçoado, sobre os métodos de Deus na Criação, leva-nos a um louvor cada vez mais elevado.

(d) Estamos, também, sabendo mais com respeito à relação de Deus para conosco, como governador e conservador de tudo. Relativamente a este assunto há duas verdades, nenhuma das quais deverá excluir a outra: (1) Ele é transcendente, isto é, superior ao universo, ou acima dele (*veja is 40.22 - 42.5 - 1 Tm 6.16). (2) É igualmente importante notar que Deus é imanente, isto é, está na matéria, ou com ela. Nesta consideração, nós e todos os seres vivemos Nele (At 17.28 - *veja também Jo 1.3,4) - e Ele em nós está pelo simples fato de que sendo Espírito (Jo 4.24) é dotado de onipresença.

iii. A adoração a Deus. Se a religião é, na verdade, uma necessidade natural, o culto é sua forma visível. Porquanto, embora possamos supor a priori que nos podemos colocar na presença da Divindade sem qualquer sinal exterior, é isto, contudo, muito dificultoso para a maioria das pessoas, tão acostumados ao ato de adoração com toda a nossa complexa personalidade. É certo que Jesus Cristo disse: ‘Deus é Espirito - e importa que os seus adoradores o adorem em espirito e em verdade’ (Jo 4.24).