Doutrina Espírita

5. O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo. Ele no-lo mostra, não mais como coisa sobrenatural, porém, ao contrário, como uma das forças vivas e sem cessar atuantes da Natureza, como a fonte de uma imensidade de fenômenos até hoje incompreendidos e, por isso, relegados para o domino do fantástico e do maravilhoso. E a essas relações que o Cristo alude em muitas circunstâncias e dai vem que muito do que ele disse permaneceu ininteligível ou falsamente interpretado. O Espiritismo é a chave com o auxilio da qual tudo se explica de modo fácil.

6. A lei do Antigo Testamento teve em Moisés a sua personificação; a do Novo Testamento tem-na no Cristo. O Espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus, mas não tem a personificá-la nenhuma individualidade, porque é fruto do ensino dado, não por um homem, sim pelos Espíritos, que são as vozes do Céu, em todos os pontos da Terra, com o concurso de uma multidão inumerável de intermediários. É, de certa maneira, um ser coletivo, formado pelo conjunto dos seres do mundo espiritual, cada um dos quais traz o tributo de suas luzes aos homens, para lhes tornar conhecido esse mundo e a sorte que os espera.

7. Assim como o Cristo disse: "Não vim destruir a lei, porém cumpri-la", também o Espiritismo diz: "Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução." Nada ensina em contrário ao que ensinou o Cristo; mas, desenvolve, completa e explica, em termos claros e para toda gente, o que foi dito apenas sob forma  alegórica. Vem cumprir, nos tempos preditos, o que o Cristo anunciou e preparar a realização das coisas futuras. Ele é, pois, obra do Cristo, que preside,  conforme igualmente o anunciou, à regeneração que se opera e prepara o reino de Deus na Terra.

O Evangelho Segundo o Espiritismo

A Doutrina Espírita surgiu no tempo aprazado com a tarefa de aclarar as idéias sobre as grandes incógnitas da vida. Foi revelada por uma multidão de espíritos superiores, versados nos mais variados aspectos do conhecimento humano, portanto, não decorre da ação individual de alguém tido na conta de profeta ou avatar.

Os médiuns serviram de instrumentos às vozes do Alto, e os assuntos mais controvertidos no âmbito da Ciência e da Filosofia, aos poucos foram sendo elucidados até ganharem fórum de legitimidade em face do consenso universal e da concordância das informações com a razão soberana.

Allan Kardec, em virtude de seu senso de moralidade superior e de sua capacidade intelectiva altamente desenvolvida, assumiu a responsabilidade de coletar as notícias provenientes dos desencarnados e de enquadrá-las em linhas de pesquisas abertas no campo do Espiritismo experimental, tudo com a finalidade de disponibilizar a imensa massa de informações implícitas na própria codificação espírita.

Em pouco tempo, ocorreu uma verdadeira revolução nos paradigmas filosóficos, cieníficos e religiosos; velhas barreiras foram transpostas, ao mesmo tempo em que tabus agonizantes foram quebrados. E, em decorrência das informações auspiciosas, um novo horizonte se descortinou da limitada visão humana.

Perante a revelação espírita, o materialismo sofreu um verdadeiro golpe em suas pretensões, os dogmas religiosos tornaram-se obsoletos, e as leis divinas, devidamente interpretadas, passaram a constituir o roteiro seguro a ser cumprido por todo aquele desejoso de romper as barreiras da ignorância e melhor situar-se diante dos desafios existenciais.

Com o passar dos tempos, a comprovação experimental da sobrevivência da alma e da comunicabilidade entre os dois planos da vida repercutiu profundamente no campo do saber. Muitos homens de cultura passaram a se interessar pelo Espiritismo, estabelecendo-se, assim, novos padrões de conhecimento com o objetivo de conciliar ciência e religião, de forma que Allan Kardec idealizara.

A Doutrina Espírita nos revelou três princípios responsáveis pelo processo evolutivo humano. O primeiro deles sustenta a questão da sobrevivência do Espírito após a morte física e a sua comunicabilidade com os encarnados. A tese da sobrevivência ficou comprovada em terreno experimental, por meio do intercâmbio mediúnico disciplinado, a exemplo do que nos foi proporcionado pelo notável e saudoso médium Francisco Cândido Xavier. Outros médiuns, em diferentes locais, também confirmaram a presença de vida inteligente além da sepultura, e nos deram provas da identidade daqueles que já partiram, demonstração inconteste de que a comunicação mediúnica com os espíritos é fenômeno de ordem universal, não se restringindo ao âmbito particular desse ou daquele médium, dessa ou daquela sociedade filosófica ou credo religioso. O segundo princípio diz respeito à reencarnação, tese capaz de explicar a lógica das existências sucessivas, tendo em vista o aprimoramento integral do ser humano, objetivo impossível de ser atingido na eventualidade de uma única existência.

O terceiro princípio, também chamado de Lei de Ação/Reação ou do Karma, corresponde, na prática, aos imperativos da justiça divina. As difereças sociais e as causas dos sofrimentos, especialmente aquelas relativas às doenças complexas de difícil solução, encontram nas Leis de Causa e Efeito, a explicação lógica capaz de satisfazer a razão e o bom-senso. Nada mais coerente do que se admitir uma boa ou má colheita como conseqüência daquilo que se plantou anteriormente. Quem planta o bem colhe ventura e harmonia, mas quem semeia o mal recebe como retorno a própria desventura.

A Doutrina Espírita, portanto, nada impõe, mas adverte quanto à necessidade imperiosa de se utilizar bem o livre arbítrio na conquista da própria reforna íntima e, conseqüentemente, na obtenção da saúde integral. Além disso, estimula-nos, ainda, ao cultivo da fraternidade, ao respeito devido à Lei de Justiça e ao desenvolvimento da compassividade, tudo em plena concordância com os ensinamentos simples, perenes e libertadores, contidos no mais antigo manual de Medicina integral - o Evangelho de Jesus.

Desobsessão & Apometria - Análise à luz da Ciência Espírita - Autor: Vitor Ronaldo Costa.