"Hércules representa o Filho de Deus encarnado, mas ainda imperfeito, que definitivamente toma em suas mão a natureza inferior e, voluntariamente, submete-se à disciplina que fará emergir o divino que carrega consigo. É a partir do homem que falha, mas que é sinceramente sério e inteligentemente consciente do trabalho a ser realizado, que se forma um Salvador do Mundo".

AAK

    Existe uma farta literatura espiritualista que explica a evolução do Espírito através das múltiplas encarnações dentro do tempo e do espaço. Os textos esotéricos da Tradição sempre foram apresentados dentro de uma linguagem hermética, e, regada de grande simbologia própria, e isto dificultava muito uma leitura concreta por aqueles que não tivessem um devido preparo, todo texto iniciático sempre foi cuidadosamente produzido dessa forma, ou seja, com uma trina interpretação, literal, figurada e secreta; aqui nós trataremos deste assunto nas suas três dimensões. Tudo isto era para impedir que aqueles que ainda não estivessem preparados fizessem mau uso do Conhecimento Iniciático, e também, porque esses manuscritos sempre foram considerados sagrados para àqueles que o possuíam. Aqueles que estavam dentro das escolas de mistérios, eram instruídos pelos sacerdotes ao aprendizado gnóstico e preparados para alçar voos, muitas vezes, até mais elevados que seus mestres tinham alcançado; ou seja, é sempre esperado que o discípulo avance mais alguns passos que o mestre instrutor. Então, com lendas ou histórias místicos ou filosóficos, exigiam dos buscadores muitos conhecimentos, dentre eles a astrologia, ética, lógica, matemática, geometria, alquimia e tantas outras ciências que somente esses candidatos a Luz Maior tinham direito reservado. Estes cuidados eram para não profanar a Ciência Sagrada e libertar a alma do iniciado diante da possibilidade da sua independência espiritual.

    Atualmente vivemos outra realidade, o profeta do "Novo Aeon", o insigne ocultista inglês Aleister Crowley, já dizia, com muita propriedade: "The law is for all" (A Lei é para todos), no seu tripartido Livro da Lei, Liber Al Vel Legis. A humanidade precisa saber de tudo e tudo deve ser revelado. O ser humano renovado da era de aquário tem seus conceito existenciais mais receptivos às dimensões suprasensíveis, ou seja, pelo poder até mesmo de reminiscência, capacidade inerente a espécie humana, aceitar "outros" paradigmas que nada mais são que aqueles que a Tradição sempre pregou, em poemas e versos, dentro de seus Templos e Escolas Iniciáticas. Os véus dos mistérios cada vez ficam mais tênues e vão se esvanecendo, diante da abertura de consciência, pertinentes ao nosso tempo, permitindo acesso ao conhecimento e a sabedoria a todos que o procuram.

    A tradicional história do herói grego, Hércules, e suas façanhas desafiadoras, um clássico da literatura helênica, divulgado e traduzido em, praticamente, todos os idiomas, destacam um arquétipo superhumano, com uma determinação e força descomunal, que o coloca em evidente condição de herói, imortalizado pela estória dos antigos. Entretanto existe uma, ou melhor, duas "ciências" por detrás dessa bela epopéia que veremos nas próximas páginas deste livro, e mais, temos a intenção de provocar o leitor para refletir diante dessa rica simbologia e ensinamentos sua própria realidade diante do cosmos e da vida além do literal.

    Nossos Templos maçônicos estão repletos de símbolos e dentre eles, no graus simbólicos, deparamos com as Doze Colunas, ostentando os Doze Signos do Zodíaco, muitas vezes despercebido pela confraria. Na busca de uma leitura mais aprofundada e pragmática desse conhecimento, avançaremos dentro dessas lendas e mitos, procurando balizar o leitor para uma possível verificação de que estas possibilidades são mais que reais e atualíssimas, pois a verdade não tem idade.

    Nossos ensinamentos maçônicos admitem dentro de uma conscientização ontológica diante de nossa essência divina, inata do homem, que é, verdadeiramente, feito a imagem de Deus; de sua "Queda" até seu destino final da "reintegração" uma evolutiva e progressiva vida das trevas para a Luz, ou da ignorância à Sabedoria, da barbárie à complexão cultural, enfim até a conquista do "Castelo de Camelot" ou "Templo de Salomão"; a peregrinação do Egito passando por Atenas em busca de Heliópolis, a cidade do Sol. Pois é isso que o homem precisa e deve querer sempre: a Luz.

Templo Maçônico - Helvécio de Resende Urbano Jr. 33º