O Grau Dezoito

    É então que ele inicia sua segunda grande busca, que ascende por numerosos estágios, durante os quais são estudados, e em certa extensão realizados, diferentes atributos do Pai de Todos, até culminar na magnificente iluminação ministrada no Grau Dezoito, o de Soberano Príncipe da Rosa-Cruz de Heredom, por meio do qual ele encontra o divino amor reinando em seu coração e nos de seus irmão. Também aprende que Deus desceu e veio participar de nossa natureza inferior, expressamente para podermos ascender para participar com Ele de Sua verdadeira natureza.

    O nome do G.: A.: D.: U.:, que se revela ao aspirante no maravilhosíssimo 18º, era o segredo mais interno e central dos ensinamentos dos Mistérios Egípcios. Em sua encarnação com Christian Rosenkreutz, o C. D. T. O. V. M. traduziu a Palavra para o latim, conservando de forma bem engenhosa seu notável caráter mnemônico, todas as suas complicadas acepções e ainda uma íntima aproximação com o seu som original. Naturalmente que não pode ser revelado aqui, mas o caráter geral das instruções que ela comunica de maneira tão hábil pode ser indicado por uma sentença citada de um dos santos patronos da Maçonaria: "Deus é luz, e n'Ele não há nenhuma treva". Também nos ensina que Deus está entronizado em todos os corações humanos, que o mais íntimo espírito de todo homem é arte do próprio Deus, uma centelha do Divino; portanto, os homens são unos com Ele, e não há culminância a que o homem não possa aspirar.

    Desse grandioso fato central se pode deduzir todo um sistema de filosofia, bem como uma regra de vida. Quando os homens estão realmente convencidos dessa Palavra, há fraternidade, paz e progresso, mas quando ela se perde, impera o caos e viceja amplamente o mal. Compete a cada Cavaleiro meditar nela e procurar realizar tudo quanto se acha nela implícito, porque o conhecimento que isso lhe proporciona deve saturar todas as fibras de seu ser, e tornar-se literalmente parte de sua própria essência, se tem em vista cumprir o dever que dela se espera. Sua atitude constante tem que ser de profunda reverência e agradecimento, que inspira esse sublime pensamento; tem que viver à luz dessa gloriosa verdade, que jamais deve ser esquecida por um instante sequer. Para o homem que realmente a conhece, toda a vida é um grandioso e alegre canto de triunfo e gratidão. Tudo isso ele reconhece, em tudo isso ele se regozija, toda vez que se lembra dessa maravilhosa Palavra de poder.

    O claro dever de todo Cavaleiro Rosa-Cruz é difundir essa luz, pregando pela palavra, quando possível, e sempre pela ação, esse verdadeiro "evangelho de graça de Deus". Na forma comaçônica desse grau se lhe instrui a fazer diariamente certos esforços prescritos para cooperar com o G.: A.: D.: U.: e oferecer-se como um canal para a Força Divina. Por esse trabalho diário seu buddhi, ou princípio intuicional, a sabedoria oculta que no Egito se chamava Hórus, o Cristo habitando no homem, deve ser ressuscitado e amplamente desenvolvido, de maneira que o homem se torne, até os limites de sua capacidade, uma manifestação vivente do amor eterno, um real sacerdote que seja instrumento desse amor para auxiliar o mundo.

A Vida Oculta na Maçonaria - C. W. Leadbeater